A hora e a vez do ensino técnico – Canal RH

A hora e a vez do ensino técnico – Canal RH

O Diretor Geral da SM Consultoria, Treinamentos e Palestras Sergio Henrique Miorin foi entrevistado pela reportagem do portal Canal RH em matéria que foi publicada em 12 de Dezembro de 2013. Acompanhe a matéria na íntegra na reportagem de Fabiano Lopes e Arthur Chioramital;

É preciso ter curso superior para ser bem sucedido no mundo profissional? Não necessariamente, segundo Adriana Gomes, coordenadora do núcleo de Carreiras da ESPM. “O brasileiro foi levado a acreditar que somente a educação superior colocaria as pessoas em um nível melhor de trabalho e salário, mas não é bem assim”, afirma ela. A Alemanha, quarta maior economia do mundo e conhecida pelo elevado padrão de vida da população, é um bom exemplo disso. Lá, somente 26,4% da força de trabalho possui ensino superior completo, enquanto 59,1% têm ensino médio completo ou alguma formação técnica mais elevada, mostra levantamento do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.

Mas a situação pode estar começando a mudar. Profissionais de nível técnico passam por um momento de valorização no Brasil. A diferença de salário entre eles e os profissionais com nível superior está diminuindo, aponta Ana Maria Barufi, economista do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do

Ana Maria Barufi, do Bradesco preconceito afeta interesse em cursos técnicos

Ana Maria Barufi, do Bradesco: preconceito afeta interesse em cursos técnicos

Bradesco. “O governo tem investindo nessa modalidade de ensino, pois entende que há falta desses profissionais no País”, diz. A mão de obra com formação técnica é fundamental para promover o aumento da produtividade e da qualidade de vida. O estudo do Bradesco destaca que o desenvolvimento futuro do País está associado à diversificação da atividade produtiva e à inserção das diferentes camadas sociais que estarão mais preparadas para exercer as diferentes funções exigidas na economia.

Apesar da valorização dos profissionais de nível técnico, ainda há barreiras para o crescimento desse tipo de ensino. A principal é o preconceito de profissionais e empresas. “As pessoas acham que é preciso ter uma faculdade para ser bem sucedido, quando o que falta é planejamento na carreira e a busca constante por aprimoramento”, afirma Adriana. Para a professora, há ainda uma miopia por parte do mercado de trabalho, que não está tão receptivo com o ensino técnico.

A economista do Bradesco acredita que a diferença de salário entre profissionais de nível técnico e superior, apesar de estar diminuindo, continua sendo um dos principais obstáculos para o avanço do ensino técnico no País. “Em outros países a diferença é menor.” Além da diferença salarial, Ana Maria aponta a necessidade de uma mudança cultural dentro das organizações. “Somente assim mais pessoas escolherão essa modalidade de ensino”, diz ela. Para Adriana, da ESPM, o caminho é fazer um trabalho de conscientização. “É preciso informar as pessoas sobre a relevância do ensino técnico.”

Superior ou técnico?

Para decidir por um curso superior ou técnico é preciso ter em mente, antes de mais nada, um projeto de carreira. “Tem que ter planejamento”, diz Adriana. Quem opta pelo técnico consegue encontrar oportunidades na indústria, por exemplo. “No momento, há falta desses profissionais”, afirma Adriana. Segundo Sergio Henrique Miorin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os cursos técnicos representam uma boa porta de entrada no mercado de trabalho. “O ensino técnico é muito positivo no início da carreira”, diz.

Sergio Henrique Miorin - Professor da FGV e Especialista em Recursos Humanos

Sergio Henrique Miorin – Professor da IBE-FGV e Especialista em Recursos Humanos

Se há tantos benefícios, qual seria então a diferença entre ensino técnico e superior? Para a professora da ESPM há uma expectativa, por parte do mercado, de que os profissionais com curso superior têm mais competências comportamentais. “Infelizmente, isso na prática nem sempre é verificado”, afirma. Miorin, por outro lado, destaca que há uma limitação de responsabilidade para o técnico quanto a projetos. “O CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), por exemplo, diz que o técnico nas áreas de eletrotécnica, eletrônica, instrumentação, elétrica, entre outras, pode assinar projetos até 800 kva, enquanto que o engenheiro eletricista pode assinar acima dessa carga.”

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